Há um ano, a morte da adolescente Cristal Rodrigues Pacheco repercutiu no país inteiro por causa da banalidade: ela foi assassinada por causa de um celular. A jovem de 15 anos estava com a mãe e a irmã mais nova a caminho da escola onde estudava, no Centro de Salvador, quando foi baleada no peito, durante um assalto em que a família não reagiu. As informações são do g1
O latrocínio – que é quando a vítima é morta durante o roubo – foi cometido por duas mulheres em frente ao Palácio da Aclamação, próximo ao Campo Grande, região central da capital baiana. As acusadas estão no Conjunto Penal Feminino do Complexo Penitenciário da Mata Escura.
Cristal foi baleada enquanto a mãe, Sandra Rodrigues, entregava o celular e outros pertences, como a aliança do casamento, às acusadas pelo crime: Gilmara Daiam de Sousa Brito e Andréia Santos Carvalho. Foi Andréia quem confessou à polícia ter feito o disparo.
A adolescente morreu no início da manhã do dia 2 de agosto de 2022, e levou consigo, precocemente, a alegria da casa. Em entrevista ao g1, Sandra contou que não consegue ter dias estáveis desde que perdeu a filha mais velha, e que a família toda sofre com o trauma.
“Esta é uma data que, por mim, não deveria existir. Se eu pudesse, teria dormido naquele dia e só acordado no dia seguinte. Eu vivo altos e baixos desde que tiraram minha filha de mim. Uma hora estou mais sensível, outra hora estou mais forte, sempre oscilando. Nunca estou 100%”.
“Eu sinto muita saudade de Cristal. É muito difícil acordar e não estar com ela aqui. É muito difícil preparar o almoço e saber que minha filha não vai chegar em casa para almoçar. Pensar em tudo isso vai doendo, machucando. Saber que há um ano atrás ela estava aqui, que eu podia abraçar, e hoje eu não posso, é muito difícil”, disse a mãe da vítima.
A ausência da adolescente afeta toda a família em diferentes níveis. Fernanda Pacheco, de 13 anos, ficou tão machucada por ver a irmã mais velha ser baleada no peito, que sequer consegue falar sobre a morte de Cristal com a família.
“Fernanda não toca no assunto. Quando a gente tenta tocar no assunto ela, ela pede para que não se fale na morte da irmã. Sérgio [pai de Cristal] está mais quieto, trabalhando em home office, ficou mais recluso. Minha mãe, que já tinha problemas de saúde, está em uma situação ainda mais complicada. É muito dolorido para toda a minha família”.