Poderia até ser cena das videocassetadas, mas não são. As câmeras de segurança do metrô de Salvador e Lauro de Freitas já registraram 142 casos de acidentes em escadas fixas e rolantes, só entre janeiro e abril de deste ano – 80% dos casos têm relação com o uso do celular. Mas, além desses acidentes, outros causam maior preocupação no sistema: aqueles que acontecem nos trilhos.
Alerta aceso
Na manhã do último domingo (29), um homem ficou gravemente ferido ao atravessar os trilhos na estação Campinas de Pirajá. A família conta que ele estava atrasado e, ignorando as orientações de segurança, tentou atravessar para chegar até o trem no sentido oposto. Ele acabou ficando preso pela cintura, entre a plataforma e o trem. Esse não é o único caso. Em média, as câmeras instaladas nas estações flagram, por mês, cerca de 10 passageiros invadindo os trilhos para buscar objetos ou pegar o trem no sentido contrário.
Histórico de acidentes
Procurada, a CCR Metrô não cedeu dados sobre acidentes desses casos. Mas uma rápida busca nos históricos da imprensa baiana já aponta alguns episódios. Em outubro de 2023, uma mulher de 35 anos foi empurrada por um homem na Estação Pituaçu e acabou indo de encontro ao trem. No ano seguinte, em abril, o serviço foi parcialmente suspenso na Estação Mussurunga após uma passageira cair nos trilhos. Já em dezembro do mesmo ano, dois casos semelhantes ocorreram, um deles com uma morte na Estação Bonocô.
Sem barreiras
Em maio deste, um acidente no metrô de São Paulo repercutiu nacionalmente e trouxe espanto a boa parte dos usuários do sistema metroviário de Salvador e Região Metropolitana. Por lá, há além das portas do trem, outra estrutura de controle de entrada e saída, isolando, inclusive, os trilhos de quem aguarda na plataforma. Como no metrô de Salvador, não existe essa proteção, foi até complicado explicar para os soteropolitanos o acidente que aconteceu na capital paulista e deixou uma pessoa morta, mesmo com esse mecanismo de segurança.
Por aqui, após a repercussão do caso do último domingo, o governo da Bahia já descartou a instalação de barreiras de segurança, como essas portas de vidro, nas plataformas de embarque do metrô. Já a CCR Metrô Bahia informa que o sistema foi implantado conforme projetos aprovados pela gestão estadual e segue padrões internacionais de segurança.
Sem obediência
Situações de superlotação, tumultos e dificuldades de embarque, comuns em horários de pico, aumentam as chances de acidentes. Mas o que não se pode negar é a necessidade e a importância do cumprimento de medidas de segurança. Sinalizações, orientações e alertas são amplamente distribuídos pelas estações, assim como agentes de segurança que atuam orientando os cerca de 435 mil passageiros que utilizam o sistema diariamente, muitas vezes chamando atenção até daqueles que estão imersos no celular.