A presença de uma escultura totalmente enferrujada coloca em evidência o principal motivo de queixa entre os frequentadores da área de lazer instalada na orla de Piatã: a falta de manutenção preventiva. Pista tátil com sequência de placas faltando, buracos no calçamento e piso emborrachado deformado são outros problemas percebidos no entorno dos tapumes que isolam o monumento degradado.
Moradora do bairro, Sônia Costa, 57 anos, costuma fazer caminhadas no calçadão pela manhã e reclama da falta de cuidado com o espaço, desde o paisagismo à organização do comércio ambulante nos dias com muito movimento no local “Já fui no site da prefeitura dizer ‘Piatã pede socorro’, mas até agora não fizeram nada”, conta, afirmando que sua insatisfação vem desde a retirada das barracas.
Um dos líderes do grupo que faz exercícios físicos diariamente em Piatã, o segurança Percy Oliveira atribui as condições do piso emborrachado da “academia” ao cuidado dos frequentadores. A área onde os aparelhos estão é a única na qual as placas não estão com as bordas levantadas, dando um aspecto curvo às placas e deixando o piso irregular. “A gente bota areia embaixo”, comenta.
O grupo é formado por mais de 40 pessoas, divididas nos turnos matutino e noturno, informa Percy, garantindo que toda a manutenção é feita e custeada por eles, com pintura dos aparelhos uma vez por ano, geralmente em setembro. “A gente limpa tudo ao redor”, acrescenta, referindo-se ao mato que pode ser visto em alguns pontos do calçadão, da pista tátil e cresce livre no espaço isolado por tapumes.
Os praticantes de musculação levam ainda anilhas e barras para ampliar a gama de exercícios possíveis, e mantêm esses acessórios guardados em uma caixa trancada com cadeados. Eventualmente há furto, diz Percy, mas como o material não é rentável para venda, dificilmente alguém se propõe a carregar tanto peso por tão pouco dinheiro.
Quem tem barraca ou trabalha em uma delas se queixa da falta de estrutura para eles e os frequentadores da praia. Na região há mais de 20 anos, o garçom Marcos de Jesus Marcolino reclama do banheiro químico como única alternativa de uso. “Só vive sujo! Homem ainda se vira, mas para as mulheres prejudica muito”, complementa.
Barraqueiro há 35 anos, Nadson Araújo destaca a necessidade de recorrer ao improviso para guardar o material usado nos seus pontos de venda, diante da impossibilidade de transportar tudo diariamente. Segundo afirma, eles fizeram um investimento na compra de contêineres, mas a prefeitura recolheu todos há cerca de cinco meses. Desde então, resta embalar tudo dentro do cercadinho com toldo e pagar uma pessoa para ficar
Reparo
Segundo a assessoria de comunicação da Secretaria de Manutenção da Cidade (Seman), recentemente ocorreu uma vistoria na região para a inclusão da manutenção dos espaços e equipamentos públicos na programação. Embora afirme que a execução não deve demorar, a Seman não sinalizou um prazo.
Sobre a escultura, a Companhia de Desenvolvimento Urbano (Desal) informou, por meio de nota, “que fará a remoção do monumento, do artista plástico Ray Vianna, localizado no bairro de Piatã, através de um pedido da Codesal. A data da remoção ainda não foi definida”.
O espaço foi reformado em 2015, quando integrou o projeto Nova Orla na requalificação do trecho entre Piatã e Itapuã. A obra realizada durante a primeira gestão de ACM Neto teve um investimento de R$28,1 milhões, conforme divulgado na época, e contemplou uma extensão de 3,1quilômetros, entre o Clube do Sesc e a subida do Abaeté.
Sobre as demandas dos barraqueiros, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), por meio de nota, informou que “em parceria com as cervejarias e também outras secretarias já foram disponibilizados cursos de qualificação para melhor atendimento. Bem como a entrega de kits de praia padronizados, ofertando melhores condições de trabalho”.
A Semop não deu informações sobre a remoção dos contêineres apontada pelos barraqueiros, nem especificou as medidas, mas sinalizou que a prefeitura “está em fase de planejamento o ordenamento, com ações de reforma estrutural da orla da cidade, ofertando uma condição digna para esses trabalhadores”.